"Gosto de dizer. Direi melhor: gosto de palavrar. As palavras são para mim corpos tocáveis, sereias visíveis, sensualidades incorporadas." (Bernardo Soares)
publicado por Departamento de Língua Portuguesa | Segunda-feira, 13 Dezembro , 2010, 22:44

- Vamos lá, maninho! Queres que vá buscar um balde de água fria? – risos.

Levantei-me devagar, espreguiçando-me e lentamente acordando os meus sentidos. A Marta iria ouvi-las ao pequeno-almoço!

- Porque é que tiveste de me acordar às dez da manhã?! – no que tocava a despertar eu não perdoava.

- Tem calma, Rui. Fui eu que lhe pedi. – sempre calmo e irritantemente protector, o meu pai confessou.

Ele estava sentado na cozinha a ler o jornal enquanto comia o pão com café que lhe sabia tão bem. Alto, de ombros largos e cabelo rapado – esta era a minha imagem dele.

- Pensei em irmos dar uma volta de bicicleta, já que está tão bom tempo...

Nem pensei duas vezes: arranjei-me devidamente e num ápice estava pronto.

O Parque da Cidade estava tão verde e imaculado como sempre o vira, com os pássaros a cantarolar e o cheiro a Verão no ar.

Lembro-me de que ainda andámos uns bons quilómetros até encontrarmos o grupo de adolescentes bizarros que estavam parados debaixo das sombras das árvores.

- Vai ali o patinho feio, vejam lá... – comentou em tom de galhofa o que parecia ser o líder, apontando para mim. – Aprende a nadar!

Nem mesmo eu previ a reacção do meu pai: parou a bicicleta e aproximou-se deles, falando calmamente.

- Dizias? Queres ir tu parar ao lago?

O adolescente calou-se, como eu teria aconselhado. Não piou mais, e os outros só se riam!

Aquilo mudou tudo. De repente parecia que me tinham posto lentes de contacto! O meu pai já não me parecia o mesmo. Desde aquele dia do Verão de 2008 que o recordo com amor e afecto. Ele é o meu herói!

 

Rui Almeida, 9.º C


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