- Vamos lá, maninho! Queres que vá buscar um balde de água fria? – risos.
Levantei-me devagar, espreguiçando-me e lentamente acordando os meus sentidos. A Marta iria ouvi-las ao pequeno-almoço!
- Porque é que tiveste de me acordar às dez da manhã?! – no que tocava a despertar eu não perdoava.
- Tem calma, Rui. Fui eu que lhe pedi. – sempre calmo e irritantemente protector, o meu pai confessou.
Ele estava sentado na cozinha a ler o jornal enquanto comia o pão com café que lhe sabia tão bem. Alto, de ombros largos e cabelo rapado – esta era a minha imagem dele.
- Pensei em irmos dar uma volta de bicicleta, já que está tão bom tempo...
Nem pensei duas vezes: arranjei-me devidamente e num ápice estava pronto.
O Parque da Cidade estava tão verde e imaculado como sempre o vira, com os pássaros a cantarolar e o cheiro a Verão no ar.
Lembro-me de que ainda andámos uns bons quilómetros até encontrarmos o grupo de adolescentes bizarros que estavam parados debaixo das sombras das árvores.
- Vai ali o patinho feio, vejam lá... – comentou em tom de galhofa o que parecia ser o líder, apontando para mim. – Aprende a nadar!
Nem mesmo eu previ a reacção do meu pai: parou a bicicleta e aproximou-se deles, falando calmamente.
- Dizias? Queres ir tu parar ao lago?
O adolescente calou-se, como eu teria aconselhado. Não piou mais, e os outros só se riam!
Aquilo mudou tudo. De repente parecia que me tinham posto lentes de contacto! O meu pai já não me parecia o mesmo. Desde aquele dia do Verão de 2008 que o recordo com amor e afecto. Ele é o meu herói!
Rui Almeida, 9.º C