Comemorações centram-se em Lisboa, onde será declarado o Dia do Desassossego, a 16 de Novembro, mas espalham-se numa constelação de eventos por Nova Iorque, Londres, Madrid, Lanzarote e não só.
Após um primeiro arranque, a revista literária digital da Fundação José Saramago ressurge agora com o nome de Blimunda. Esta mudança, motivada por razões administrativas relacionadas com o registo do nome da publicação, levou a que o nome da mulher protagonista de Memorial do Convento, aquela que coleccionava vontades e que via o interior das pessoas, desse agora o nome e personalidade a este espaço electrónico que mantém os objectivos da Fundação José Saramago. Centrada em questões literárias, a Blimunda não perderá de vista os restantes princípios que orientam a Fundação, como a defesa do meio ambiente, a valorização da cultura portuguesa, literária e não só, e aqueles que estão plasmados na Carta Universal dos Direitos Humanos e na Carta de Deveres Humanos sobre a qual a Fundação está a trabalhar.
A publicação deste primeiro número da Blimunda coincide com a abertura ao público da nova sede da Fundação, na emblemática Casa dos Bicos. Este espaço, totalmente recuperado, permitirá a criação de um novo centro cultural na Cidade de Lisboa, à disposição de todos os que nos queiram visitar e, talvez, partilhar objectivos. A Fundação abre as suas portas com uma grande exposição sobre a vida e a obra de José Saramago, organizada por Fernando Gómez Aguilera e intitulada José Saramago. A Semente e os Frutos. Nela podem ser vistos diversos originais do escritor, um conjunto de vídeos e várias centenas dos livros que escreveu e que foram publicados em todo o mundo, quer dizer, os saborosos frutos que nasceram das sementes do trabalho realizado ao longo de uma longa vida plena que culminou a 18 de junho de 2010, faz agora dois anos, e que com este número de Blimunda humildemente se pretende homenagear.
O Ensaio sobre a Cegueira de José Saramago está entre os 100 melhores livros do mundo, numa seleção feita a partir de um inquérito dos Clubes do Livro da Noruega em 2003. D. Quixote de Cervantes foi a obra indicada sem qualquer dúvida como a melhor de sempre. Quanto às restantes 99, a ordem por que estão listadas é irrelevante, visto que não foi feita qualquer classificação.
Os 100 melhores livros do mundo (The Christian Science Monitor)
Daqui: http://www.josesaramago.org/
A sede da Fundação José Saramago, que abre ao público na quarta-feira, em Lisboa, com uma exposição sobre a vida e obra do Nobel da Literatura, vai ter entrada gratuita até ao final de junho, anunciou hoje a presidente da entidade.
De acordo com Pilar del Río, a Fundação vai ter entrada livre até ao final do mês e, depois, os portugueses vão pagar um bilhete de três euros, enquanto os estrangeiros pagarão "entre cinco e seis euros", indicou a responsável durante uma visita organizada para jornalistas.
O Nobel da Literatura faleceu há dois anos, a 18 de junho de 2010, e a Câmara Municipal de Lisboa cedeu a Casa dos Bicos à Fundação José Saramago, presidida pela mulher.
"Vamos viver dos direitos de autor e do nosso trabalho aqui dentro. Não temos qualquer outro apoio oficial e os tempos estão difíceis para conseguir mecenato. Por isso o público vai ter de pagar entrada", justificou.
A Fundação Saramago ficará aberta nos dias úteis das 10:00 às 18:00 horas, e aos sábados das 10:00 às 14:00 horas, e terá uma loja com livros de José Saramago em várias línguas, e artigos com a marca da entidade.
A inauguração oficial da Fundação Saramago está prevista para as 11:30 de quarta-feira, feriado municipal e dia de Santo António, padroeiro de Lisboa.
Abrirá ao público a partir das 14:00, com a exposição permanente "A Semente e os Frutos", com livros que Saramago traduziu, manuscritos, notas pessoais, agendas, recortes de jornais, e os livros do autor, com uma seleção de exemplares em português e edições noutras línguas.
Poesia, crónicas, romances, fotografias que recordam as amizades de Saramago, a atividade cívica e política, a família - os avós da Azinhaga, a quem aludiu no discurso na Suécia, na altura da entrega do Nobel, em 1998 - cobrem as paredes do espaço expositivo.
Também está disponível equipamento de áudio com entrevistas, discursos, e vídeos documentais. No fim da exposição há um espaço onde foi reproduzido o primeiro escritório onde Saramago escreveu, contendo a secretária e outros objetos pessoais, como os óculos e a máquina de escrever.
Fernando Gomez Aguilera, comissário da mostra, é presidente da Fundação César Manrique, e foi também responsável pela exposição "José Saramago. A Consistência dos Sonhos", que esteve patente em Lanzarote em 2007, depois em Lisboa, e fez uma digressão pela América do Sul.
O projeto de remodelação e design de interiores da Casa dos Bicos, edifício do século XVI, é da responsabilidade dos arquitetos João Santa-Rita e Manuel Vicente.
Em junho do ano passado, as cinzas José Saramago foram depositadas junto a uma oliveira centenária que foi propositadamente plantada junto à Casa dos Bicos.
A oliveira foi transportada da Azinhaga do Ribatejo, aldeia natal de Saramago, e plantada junto ao edifício, porque o escritor se referia a esta árvore no livro autobiográfico "As Pequenas Memórias" (2006).
Aproveitando as comemorações do Dia Mundial do Livro, a TSF percorreu a Fundação José Saramago tendo como guia Pilar del Rio, mulher do Nobel da Literatura e presidente da fundação. Apesar de não ter um dia definido, já se sabe que a fundação vai abrir as portas em junho na Casa dos Bicos, em Lisboa.